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Diário do Nordeste
A suspensão, ontem (22), do novo piso mínimo para o frete rodoviário – publicado na quinta-feira (18) pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) – gera insegurança para setores produtivos e para segmentos vinculados ao transporte de cargas. Na opinião de especialistas, os consumidores também são afetados pelo vaivém das decisões em torno do tema, fazendo com que o preço de determinados produtos, como grãos e frutas, suba em algumas regiões, mais notoriamente no Nordeste.
Para o professor do departamento de Engenharia de Transportes da Universidade Federal do Ceará (UFC), Bruno Bertoncini, a situação é preocupante, principalmente para setores que dependem diretamente do transporte rodoviário. “Isso causa instabilidade para o setor de logística, porque começa a gerar insegurança em torno de como o transportador vai firmar um contrato e qual será seu valor. Se você firmar um contrato – e ele (valor) supostamente vem abaixo do que a tabela prevê – há um risco para quem contrata o serviço”, explica.
O professor afirma ainda que quem paga na ponta do processo é o consumidor. “Ele paga a conta sempre. Numa situação como essa, a gente vai ficar numa insegura porque o mercado pode dizer que vai repassar o aumento por conta da tabela do frete. Depois uma nova tabela entra em vigor e o mercado não repassa o desconto do valor antigo. É muito delicado”, avalia Bertoncini.
Efeitos negativos
O presidente da Câmara Setorial de Logística (CSLog) e coordenador do Núcleo de Infraestrutura da Federação das Indústrias do Ceará (Fiec), Heitor Studart, também diz que a publicação de uma resolução e depois a suspensão, dias após, produz efeitos negativos para a economia.
“Isso gera uma insegurança jurídica e uma previsibilidade ruim afetando toda a competitividade do setor industrial pela não regulação das normas e princípios jurídicos sobre o tema. As tabelas anteriores eram muito gerais e não iam para situações pontuais com diversas modalidades de transporte”, explica Studart.
O presidente da CSLog ainda esclarece que um dos pontos negativos é a não definição de um frete. “Quem vai contratar a médio ou longo prazos, como isso vai ser firmado se você não tem a previsibilidade e a segurança jurídica do contrato? Isso afeta também os preços dos produtos porque começa a se botar margem acima de segurança”.
Segundo Studart, o aumento de tarifa que é repassado ao consumidor é de, no mínimo, 30% em cada frete por quilômetro. “A tendência tanto do transportador como do contratante é botar uma margem de segurança que no fim é repassada ao consumidor”.
O vice-presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Empresas de Transporte de Mudanças, Bens, Cargas, Logística e Motoristas de Caminhão na Indústria, Comércio e Serviços do Ceará (Sindicam-CE), José Tavares, diz que, apesar das discussões sobre o tabelamento mínimo serem necessárias, a falta de decisão sobre o tema causa desconfiança no setor de transportes.
“Quem vive de transporte, as transportadoras, os fornecedores, quem tem a sua mercadoria para embarcar, vai ficar em dúvida na hora de contratar. Isso não é tabelamento de frete. O que está se querendo fazer é criar uma tabela mínima. Não é um tabelamento do preço, mas criar regras claras do transporte rodoviário”.